O(s) contexto(s) sempre importa(m). Na educação não pode ser diferente. 

Nada existe sem um tempo, um espaço, um motivo, uma causa e um efeito. Conhecer os contextos é fundamental para o entendimento de algo ou de alguém, na medida em que podemos, de forma empática, nos aproximarmos, diminuindo o espaçamento entre uma visão superficial e uma visão profunda sobre quem ou o quê está diante de nós.

Na educação o contexto é de suma importância, embora nem sempre esteja na pauta de quem trabalha na área. Existe uma preocupação muito grande com os conteúdos, com as metodologias inovadoras, com os espaços cheios de recursos (assim como o próprio recurso), mas muito pouco sobre como uma simples aproximação com o contexto dos alunos pode transformar grande parte do desempenho e da aprendizagem em sala de aula. Mas de que contextos estou falando?

  1. Primeiramente, conhecer o contexto significa entender a realidade, urbana ou rural, na qual tanto o aluno quanto a escola/universidade estão inseridos (porque pode não ser o mesmo). Isso exige um estudo geográfico, incluindo demografia, questões socieoeconomicas, histórico do local e qualquer outra informação que venha a contribuir para o entendimento.

Esse contexto pode auxiliar o professor a perceber o nível de auto confiança que seus alunos têm para performar com qualidade. 

2. Em segundo lugar, o professor precisa fazer uma análise pessoal, uma autoavaliação sobre seu próprio contexto, incluindo suas expectativas sobre o desenvolvimento dos alunos e do processo educativo, pois isso pode ditar de forma muito contundente como ele conduzirá a prática docente e como avaliará o desempenho dos estudantes. Nesse momento, é muito importante que o professor possa, inclusive, comparar seu próprio contexto com o dos alunos, para que seja capaz de se posicionar de forma menos “eu” para uma forma mais “nós”

3. Por fim, o professor precisa conhecer quais são os conhecimentos prévios trazidos por cada um dos seus alunos, considerando que muitos deles tem experiências de vida e escolares que podem auxiliar na aprendizagem. Ter essa visão inclusiva das vivências dos alunos é fundamental e extremamente enriquecedora, visto que partir de um zero (que de fato não existe) impele aos professores muito sofrimento desnecessário.

Mas como conhecer o contexto do aluno e da escola, conhecer o próprio contexto e conhecer o conhecimento prévio de cada aluno auxilia no desenvolvimento e na aprendizagem?

Conhecer o contexto do aluno e da escola auxilia o professor a planejar sua prática considerando exemplos que estejam ligados ao cotidiano dos estudantes, de modo que eles possam, com mais facilidade, significar o que estão aprendendo. Diminuir o gap entre as vivências escolares e as vivências cotidianas é uma estratégia recomendada para a aprendizagem e que deve aparecer tanto nas atividades, quanto nos exemplos e nas mentorias.

Contudo, vale ressaltar que conhecer o contexto do aluno é um ponto de partida, o estudante precisa ter o direito de expandir suas visões de mundo e ter, a cada dia, uma visão mais cosmopolita sobre o existir humano. 

Conhecer o próprio contexto dá ao professor a condição de definir melhor suas próprias expectativas de como pretende ser chamado, do tipo de resposta que pretende ouvir e do nível de estudante que almeja receber. Ouço muitos professores na universidade dizerem que não conseguem trabalhar com alunos que mal sabem ler ou fazer um cálculo. Bom, o caminho mais fácil pode ser procurar outros alunos (em outro local é claro), mas há ainda a possibilidade de alinhar-se melhor consigo mesmo, buscando adaptar suas expectativas a realidade que nos rodeia. O problema do nosso sistema de educação ainda é estrutural.

Por fim, conhecer o contexto cognitivo de cada aluno da sala de aula é uma forma de desenhar um mapa para planejar os próximos passos, de modo que todos possam ser conduzidos ao ponto B, ainda que saiam do ponto A, A-1, A+2, etc. Porque a verdade é que não existe sala de aula homogênea. Colocados, todos, dentro do mesmo quadrado, nível, classe, série, semestre (como queira chamar), os estudantes são uma mistura heterogênea.

Como qualquer mistura dessa natureza, as diversas substâncias são visíveis a olho nu, contudo, ainda assim, é necessário reforçar aos professores que vejam o que se apresenta diante deles.