A educação inclusiva é uma resposta para situações segregacionistas e que impediam o desenvolvimento de alguns estudantes. Para que o seu ideal seja alcançado, são necessárias mudanças no comportamento dos alunos, professores, gestores e funcionários, além de exigir modificações na forma de ensino e estrutura das instituições.
Leia e saiba tudo sobre a educação especial inclusiva!
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O que é educação inclusiva?
A educação inclusiva pode ser entendida como uma concepção de ensino que possui como objetivo garantir o direito de todos à educação.
A inclusão prevê a equidade de oportunidades para que todos sejam capazes de alcançar os objetivos propostos a seu tempo e sua maneira.
Os desafios da educação inclusiva resultam na transformação da cultura, das práticas e das políticas na escola e em outros sistemas de ensino, para assim garantir acesso, participação e aprendizagem para todos, sem exceções.
Qual a diferença entre educação especial e educação inclusiva?
Embora os dois conceitos busquem dar oportunidades para pessoas com deficiências, esses dos termos possuem algumas diferenças na forma como representam ações.
A educação especial consiste na utilização de ferramentas didáticas específicas para conseguir atender as limitações que a criança possui, sejam elas físicas ou cognitivas. No entanto, a educação especial não possui um papel integrador da criança com a sociedade, já que é aplicada fora do contexto da educação regular, em escolas próprias para pessoas com deficiência
Já o que se entende por educação inclusiva, por sua vez, consiste em um sistema educacional que procura aliar a educação regular com a educação especial, ou seja, promove a inserção de crianças com algum tipo de deficiência no ambiente de escola convencional. Porém, para que a inclusão funcione, é necessária uma estruturação física e de gestão na escola, além da capacitação dos professores.
Com o passar do tempo, a educação especial vem sendo colocada de lado em prol da educação inclusiva, permitindo que a criança se sinta inserida na sociedade, independentemente de suas limitações, sejam elas físicas ou cognitivas.
Assim como a metodologia ativa de ensino, isso acontece principalmente por conta do avanço e inserção das tecnologias nos processos didáticos.
Os desafios da educação inclusiva no Brasil
Embora pareça algo simples, oferecer as condições necessárias para fazer funcionar um projeto didático baseado nos princípios da educação inclusiva é um desafio para os gestores. Confira os principais desafios para a inserção desse tipo de educação no Brasil:
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Infraestrutura
O primeiro grande desafio para a inclusão efetiva é eliminar as barreiras arquitetônicas, fazendo adaptações no espaço físico e introduzindo recursos e tecnologias assistivas.
Essas adaptações podem exigir tempo e investimento para os gestores, que devem acrescentar a suas escolas rampas de acesso para cadeirantes, banheiros com acessibilidade e auxílio, elevadores e portas mais largas.
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Professores e funcionários sem formação especializada
A transformação de uma instituição em uma “escola inclusiva” exige educadores preparados para atender às necessidades do ensino inclusivo. Porém, a maioria das escolas não possuem esse tipo de preparação, o que dificulta a implementação do projeto de inclusão.
Seja para implementar a educação inclusiva na educação infantil ou no ensino médio, a utilização de tecnologias assistivas em sala de aula, por exemplo, pode auxiliar o corpo docente no processo de inclusão. Estabelecer uma relação entre os profissionais da saúde e da educação também pode ajudar a aprimorar o conhecimento dos professores, de forma a entenderem melhor as limitações.
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Turmas com excesso de alunos
O que vem sendo observado no Brasil é que o número de pessoas com deficiência dividindo sala com outras sem deficiência vem crescendo nos últimos anos, o que é muito positivo. Porém, é necessário entender que, para inserir a educação inclusiva na escola, o número de estudantes de uma turma inclusiva não deve ser igual ao de uma turma regular.
Turmas muito numerosas acabam sobrecarregando os professores, que sentem dificuldade em lidar com os alunos com necessidades especiais, que assim acabam não recebendo todo o cuidado necessário durante o processo de aprendizagem. Em salas de aulas com alunos de inclusão geralmente é requisitada a presença de um(a) professor(a) assistente.
Princípios da educação inclusiva
Como saber se uma prática pedagógica realmente é inclusiva? Ou se uma instituição que se diz inclusiva, de fato, garante o direito de todos à educação?
Os princípios básicos da educação inclusiva, segundo a organização não-governamental DIVERSA, criada com o objetivo de apoiar redes de ensino no atendimento de estudantes com deficiência em escolas comuns, são uma referência fundamental para quem está começando. Além disso, são importantes para que educadores comprometidos com a inclusão não “percam o rumo” em sua jornada educativa.
Os cinco princípios da educação especial e inclusiva são:
- Toda pessoa deve ter o direito de acesso à educação;
- Toda pessoa tem a capacidade de aprender;
- O processo de aprendizagem de cada pessoa é singular;
- O convívio no ambiente escolar beneficia a todos;
- A educação inclusiva se diz respeito a todos.
Caso de sucesso de educação inclusiva
Como todo bom projeto, é de grande ajuda observar alguns casos de sucesso para se utilizar como inspiração. Portugal, por exemplo, possui 98,5% dos alunos com algum tipo de deficiência ou dificuldade presentes em escolas regulares, sendo assim referência mundial no que se diz respeito a educação inclusiva.
Para compreendermos o porquê de o país ter tanto sucesso, é necessário estudar a história da educação inclusiva portuguesa, considerando o ano de 1974 como marco inicial.
Com o fim da ditadura e a Revolução dos Cravos, começaram a acontecer diversos desenvolvimentos de políticas que favoreciam a integração e, mais tarde, a inclusão de alunos com as mais variadas dificuldades nas escolas regulares.
Em 1986, por exemplo, se tornou obrigatório que todos os cursos de formação de professores possuíssem, pelo menos, uma disciplina sobre necessidades educativas especiais, o que foi de grande ajuda para que a educação inclusiva portuguesa chegasse ao sucesso que se tem hoje.
Mas foi em 2008 que Portugal, de fato, se tornou referência no assunto. Com a aprovação do Regime Jurídico da Educação Inclusiva, foi instaurada a presença obrigatória de alunos com dificuldades na escola comum, deixando de fazer referência a soluções como a educação especial.
Além disso, a aprovação implicou na criação de Centros de Apoio à Aprendizagem em todas instituições, com professores, psicólogos e terapeutas, visando a organização de medidas para apoiar a educação para todos.
Outro fator que ajuda no processo inclusivo português é que a maioria das escolas, ao contrário do Brasil, funcionam em tempo integral, o que permite com que os professores tenham mais tempo com os alunos que possuem algum tipo de dificuldade, além de conseguirem preparar e realizar o apoio pedagógico e terapêutico necessário para cada indivíduo.
Embora seja difícil de implementar, é de extrema importância que os profissionais da educação voltem as suas atenções para as pessoas que possuem mais necessidade e que procurem se especializar para atendê-las da melhor forma possível!
Trabalho com alunos deficientes. Sou professora de AEE.