Afinal, o que ensinar? na prerrogativa de legitimarmos a existência da escolarização, há sempre muitos ditos sobre aquilo que deve ser repassado aos estudantes. Literalmente repassado. Grande parte dos discursos pautam-se em blocos e blocos de conteúdos, que quando não alcançados, desvelam uma falha na educação. As provas nacionais estão aí para provar isso. O grande problema da ideia de repasse de conteúdo é que o conhecimento passa longe, assim como o uso que se poderia obter dele, caso tivesse sido devidamente construído e compreendido. E como pode se dar essa construção e compreensão? a resposta é muito simples: é preciso saber perguntar!
O foco no hábito de perguntar nos possibilita vencer duas problemáticas principais ligadas a educação: 1) acreditar que tudo que é importante pode ser aprendido por meio da docência e 2) acreditar que o conhecimento é um fato que pode ser recebido passivamente sem a necessidade de problematizar ou refletir.
Conhecimento exige alimentação, é verdade, alguma fonte provedora precisa existir (e não há problema que seja o professor, veja, sou professora e não estou desmerecendo a escolarização). Mas conhecimento também exige mastigação, muitas vezes, ruminação.
Há ainda que digerir e aproveitar-se daquilo que nos engrandece em nossa contínua busca pela humanização. O resto, é preciso despejar. Contudo, não são perguntas despreparadas ou sem profundidade que levam ao conhecimento, assim como não são respostas entregues na bandeja que estimulam o desenvolvimento cognitivo. O estudante precisa saber perguntar, no sentido de encontrar aquilo que é essencial e que pode promover uma compreensão ampliada sobre o tema em questão. Já o professor, precisa saber mediar os questionamentos auxiliando-o na busca pelas próprias respostas
Afinal, o que ensinar? ensine seus alunos a questionarem, a tornarem-se verdadeiros investigadores. Os ensine também a buscarem respostas. Gere movimento e ação. Seja mais um mentor, do que um repassador de conteúdo. Livre-se da futilidade de querer ensinar tudo.
Fútil é aquilo que é superficial, irrelevante e insignificante. Preenchamos a educação de profundidade, relevância e significado. Nós não podemos ir fundo pelos nossos alunos, assim como não podemos constituir significado por eles. Por isso, é preciso auxilia-los nesse caminho.
O ciclo da educação, como aponta Wiggins, deve ser: pergunta – resposta – pergunta, para tanto, não importa a quantidade de conteúdo repassado, mas o conhecimento que se desenvolve a partir dele – a porta que se abre.
Não adianta ensinar tudo, e não ensinar a perguntar, pois muito pouco, ou nada, terá sido aprendido.